O vereador Maiko de Morais Costa, conhecido como Maiko do Chapéu (MDB), foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) sob acusação de agressão e ameaças contra sua ex-namorada. Documentos obtidos pela reportagem do Diário do Nordeste detalham a denúncia do MPCE, que relata que a vítima foi atacada na residência do político e conseguiu escapar ao pular nua de uma janela e buscar abrigo na casa de uma vizinha.
De acordo com o inquérito policial, o crime ocorreu em 18 de dezembro de 2024, e a denúncia contra Maiko foi formalizada em 4 de fevereiro de 2025. Ele responde pelos crimes de tortura, lesão corporal grave, ameaça e violência doméstica, com base na Lei Maria da Penha.
A reportagem tentou contato com o vereador de Várzea Alegre, município do Interior do Ceará, e com seu partido, porém, até o momento da publicação, não obteve retorno. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
O laudo pericial revelou que a vítima sofreu ferimentos no braço, joelhos, mandíbula e pé, além de uma queimadura de primeiro grau próxima a um dos seios. O relacionamento entre ambos durou quase um ano, mas eles já estavam separados quando o crime ocorreu.
CELULAR ARREMESSADO E ENFORCAMENTO
Segundo os documentos acessados pela reportagem, o parlamentar teria chamado a ex-companheira para mostrar seu diploma de vereador, “ocasião em que comprou bebidas alcoólicas para comemorarem. Após a comemoração, a vítima adormeceu”. Ao despertar, flagrou o político mexendo em seu celular, e ele passou a questioná-la sobre um possível envolvimento com outra pessoa.
“A vítima respondeu que não estava mais envolvida com o acusado. Foi então que o acusado arremessou o celular da vítima no chão e desferiu um tapa em seu rosto. O acusado conduziu a vítima até o quarto, onde continuou as agressões, enforcando-a, segurando seus punhos e arremessando-a na cama por diversas vezes com a finalidade de obter declarações da vítima sobre eventual relacionamento paralelo. Após essas agressões, o acusado saiu do quarto, momento em que a vítima conseguiu fugir, dirigindo-se para a frente da casa de sua genitora. Durante o trajeto, o acusado passou a persegui-la. O acusado, então, pediu para que a vítima retornasse à casa, prometendo que não lhe faria mais mal. Acreditando em sua palavra, a vítima decidiu voltar”
📌 Trecho da denúncia do MPCE
O documento aponta que as agressões continuaram. Em um momento, Maiko teria pegado uma faca e dito: “hoje você não vai morrer, mas vou tirar a minha própria vida aqui na sua casa para você levar a culpa para o resto da sua vida”. A vítima teria implorado para que ele desistisse.
Ainda segundo a denúncia, já no banheiro da casa, o vereador ordenou que a mulher se ajoelhasse, rasgou suas roupas e “que registraria o motivo pelo qual a mataria e, em seguida, tiraria a própria vida”.
“QUAL DEVO CORTAR PRIMEIRO?”
Em um momento ainda mais tenso, Maiko teria pressionado a faca contra os seios da vítima e perguntado “qual deles deveria cortar primeiro”, repetindo a mesma ameaça em relação aos pés.
“Em seguida, o acusado apontou a faca para o pescoço da vítima e disse: ‘eu lhe dou três segundos para você me convencer de não fazer isso’. Ele passou a bater a faca no chão, até que a quebrou. Nesse momento, a vítima pegou a lâmina que havia se quebrado e a arremessou pela janela do banheiro. O acusado, então, afirmou: ‘Tem nada não, vou pegar uma maior'”
📌 Trecho da denúncia do MPCE
Além disso, a vítima sofreu queimaduras causadas por uma bituca de cigarro. Em meio à tentativa de fuga, conseguiu se trancar em um dos banheiros e, finalmente, pulou uma janela. Na casa da vizinha, foi coberta com um lençol e pôde se refugiar.
O Ministério Público solicitou à Justiça que aceitasse a denúncia, tornando Maiko do Chapéu réu no processo. O órgão também ressaltou que, devido à gravidade do caso, não há possibilidade de Acordo de Não Persecução Penal.