Dor de cabeça, mal-estar, gosto ruim na boca, sede excessiva, enjoo, cansaço. Se você acordou com esses sintomas após beber demais no dia anterior provavelmente o diagnóstico é um só: ressaca 🥴🤮.
Muita gente vai passar o dia seguinte das festas de fim de ano procurando a cura para essa sensação desconfortável. No entanto, as notícias não são boas. Não existe um remédio ou uma receita mágica para prevenir ou curar a ressaca e, segundo especialistas, os sintomas podem ter uma duração de oito a doze horas. Para o ressacado, só resta esperar passar.
O que é a ressaca e por que ela provoca um mal-estar no dia seguinte?
- A ressaca é o resultado de uma intoxicação pelo álcool.
Raymundo Paraná, médico hepatologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), explica que o primeiro passo de metabolização do álcool passa pelo estômago, por uma enzima chamada álcool desidrogenase.
“Cada pessoa tem uma quantidade diferente e é como se essa enzima fosse a primeira passagem que modula a quantidade de álcool que vai chegar ao fígado. No fígado, o álcool se transforma em acetaldeído – um composto que causadesidratação celular, pode agredir as células e dá a sensação de mal-estar”, diz o hepatologista, que também é pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).
Christian Morinaga, gerente do Pronto Atendimento do Hospital Sírio-Libanês, lembra que não existe uma quantidade segura para não ter ressaca, mas quanto mais álcool ingerimos, maior a chance e a intensidade da ressaca. O médico ressalta que o tema também não é brincadeira.
A ingestão exagerada de álcool também pode levar a consequências mais graves, para além da ressaca, como o coma alcoólico.
“O indivíduo apresenta uma intoxicação e embriaguez num grau elevado e isso faz com que ele deprima o Sistema Nervoso Central (SNC) e entre em coma. O álcool em excesso também pode causar arritmias em pessoas com predisposição”, alerta Paraná.
Tem tratamento? Dá para prevenir?
Como dissemos acima, não existe um tratamento específico para a ressaca. Morinaga diz que o mais importante é:
- Manter repouso;
- Tentar manter uma boa hidratação;
- Evitar o jejum e fazer refeições leves (comida gordurosa pode piorar os efeitos da ressaca);
- Utilizar analgésicos simples (em casos de dor de cabeça ou dor); e
- Tomar medicamentos antieméticos (contra o enjoo).
E tem como prevenir? A pessoa pode optar por dois caminhos: não beber ou beber moderadamente, sem excessos. Além disso, os especialistas dão algumas dicas que podem ajudar a amenizar os sintomas:
- 🥂 Evite beber de estômago vazio(o que acelera a absorção do álcool);
- 🥂 Evite beber quando o sono não está regular. “Pessoas que bebem após período longo de privação de sono tendem a ter mais sintomas de ressaca”, alerta Morinaga;
- 🥂 Hidrate-se durante o consumo de álcool – o ideal é um copo de água para cada dose de bebida. A água ajuda a diluir o álcool no estômago e a chance de ficar muito intoxicado é menor.
Mito ou verdade?
- Misturar vários tipos de bebidas alcoólicas piora a ressaca? Não piora nem melhora. O que vai importar é a quantidade de álcool que você consumiu e a sua suscetibilidade.
- As mulheres são menos resistentesao álcool? É verdade. As mulheres têm menos quantidade de álcool desidrogenase – enzima que modula a quantidade de álcool que vai chegar ao fígado.
- Depois dos 30 anos, a ressaca é pior? Não. É uma verdade relativa. O álcool desidrogenase vai diminuindo com a idade, mas isso costuma ocorrer entre 40 e 50 anos.
- Vomitar ajuda a passar a ressaca? Não. O vômito pode aliviar o desconforto pela distensão do estômago, mas pode induzir à perda de sais minerais e desidratação. Em geral, os sintomas da ressaca só aparecem depois que todo o álcool ingerido já foi absorvido e metabolizado.
- Existe bebida boa e bebida ruim? Existem bebidas que são mais impuras, que trazem não só o álcool, mas outras substâncias que podem gerar mais intolerância e sintomas. Bebidas mais “qualificadas” têm menos impurezas e reduzem riscos de agentes adicionais à intoxicação, além do álcool. Mas vale lembrar: o mais importante é sempre a quantidade de álcool que você bebeu.
Fonte: G1