O projeto de saneamento do Crato prevê um investimento total de R$ 248 milhões, e já está em processo de estudos preliminares para começos das operações. Apesar de não haver um calendário pronto ou estimativa para início das atividades, a Aegea, empresa vencedora do leilão, já prevê investir, em estimativa, R$ 75 milhões nos primeiros cinco anos.
A perspectiva foi confirmada pelo vice-presidente de relações institucionais da Aegea, Rogério Tavares, em entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, que confirmou a iniciativa de priorizar mão de obra e fornecedores da região do Crato para dar início ao projeto.
As condições do leilão estabelecem que deverão ser investidos R$ 248 milhões até 2033 para que 90% da cidade do Crato tenha cobertura de recolhimento e tratamento de esgoto, caracterizando a universalidade do serviço. Atualmente, segundo dados da Aegea, apenas 32% do município conta com rede de esgoto, e só 2,7% dos domicílios contam com serviço de tratamento.
Pelas determinações do projeto, deverão ser construídos cerca de 250 quilômetros de rede de esgoto, 4 estações de tratamento e 22 elevatórias de escoamento dentro dos 11 anos estipulados para as obras.
“Vamos começar a trabalhar agora. Estudamos o edital, mas vamos montar o cronograma agora. Temos de sair de uma situação ruim na cidade para 90% das casas tem esgoto coletado e tratado. Não é algo trivial, mas é algo que podemos fazer. Tomando por base em outras concessões, o investimento inicial gira em torno de 30% nos primeiros 5 anos, então deveremos investir cerca de R$ 75 milhões neste início, talvez um pouco menos, um pouco mais”, garantiu Tavares.
CONTATO INICIAL
Apesar vitória no certame, realizado em São Paulo, a Aegea ainda está trabalhando para finalizar os detalhes antes da escritura do contrato para poder começar as operações.
Enquanto essa definição não sai, a Aegea está estabelecendo contato com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto do Crato (SAAEC), focando no período de 6 meses que a empresa terá de operação conjunta, como forma de transição para a concessão.
“Estamos em conversas com a autarquia do serviço de água do Crato, mas vamos entrar lá e temos até 6 meses para operar junto com eles, até operar sozinho, e nesse período trocar informações e estamos trabalhando para montar o cronograma e definir forma de atuação. Temos o cronograma para a operação assistida, mas depois teremos para o momento posterior”.
PRIORIZAR O MERCADO LOCAL
Além de já ter iniciado as conversas com a SAAE do Crato, Tavares confirmou que a Aegea quer fazer parte do mercado local da região do Crato, e deverá priorizar a contratação de mão de obra local.
A busca por fornecedores e prestadoras de serviço também deverá focar em iniciativas locais, dependendo apenas das qualificações e processos de compliance da Aegea.
“Vamos priorizar gente do local porque é melhor forma de realmente se inserir na cidade. Lógico que é difícil fechar todas as posições, mas a intenção é priorizar as pessoas da cidade, inclusive se alguma pessoa da autarquia quiser trabalhar com a gente será bem recebido. Não podemos ser um estrangeiro no próprio País, vamos nos inserir naquele contesto”, explicou.
ENTRADA NO CEARÁ
Além dos investimentos no Crato, Rogério Tavares confirmou que a Aegea já está estudando ampliar a participação no mercado cearense ao planejar disputar o edital de parceria público-privada anunciada pela Cagece para serviço de água e esgoto em Fortaleza e na região do Cariri.
Ao todo, serão cerca 22 municípios beneficiados pelo projeto orçado em cerca de R$ 7 bilhões, que deverá ter o edital divulgado ainda no primeiro semestre deste ano.
“Eu posso dizer que sim. Esse ano temos uma consulta pública para uma ppp que a Cagece botou na rua, e a perspectiva é que o edital saia até junho. É um modelo interessante porque inclui as regiões metropolitanas de Fortaleza e do Cariri, então vamos estudar porque são cerca de 22 cidades e 4 milhões de pessoas. Esse deve ser o maior leilão que deve sair esse ano, pelo tamanho, escala e oportunidade”, afirmou.
MELHORIAS GERAIS
Para Percy Soares, diretor-executivo da Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), a definição por uma concessão ou ppp no setor de água e esgoto é fundamental para agilizar investimentos e viabilizar uma “eficiência operacional” para levar água e esgoto tratado de forma mais rápida à população.
“A grande vantagem é viabilizar os investimentos, a gente sabe que os governos, tanto a união, quanto os estados e os municípios têm dificuldades de recursos pra fazer esses investimentos, quando chamo um parceiro pra isso eu consigo garantir esse serviço, num ritmo mais acelerado para o setor”, disse.
“Além de viabilizar os investimentos, também temos o que chamamos de eficiência operacional, que é fazer o investimento e operar, levar água pras pessoas de forma mais célere”, completou.
Por: Diário do Nordeste
Foto: Camila Lima