Uma pesquisa feita com pacientes de Covid-19, no Ceará, mostrou que o coronavírus tem deixado sequelas. Entre elas, ansiedade, fadiga, alopecia (queda de cabelo) e falta de ar são algumas das mais comuns, conforme o estudo da Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE).
A ESP/CE, com dados do Hospital Estadual Leonardo da Vinci (Helv), ambos da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), apresentou os primeiros resultados. A amostra do equipamento conta com 470 pacientes, sendo 275 referentes à primeira onda e 195, do segundo pico de notificações de casos.
Na investigação de sintomas físicos, os pesquisadores notaram que a fadiga/cansaço apareceu com maior destaque, principalmente na comparação entre a primeira e a segunda onda de contágio, passando de 27,3% para 40%. Em seguida, vem a alopecia, conhecida popularmente como queda de cabelo, e falta de ar.
Já no âmbito psicológico, cinco problemas apareceram com mais frequência, de acordo com o levantamento. Em ordem, são eles: ansiedade, insônia, angústia, alteração cognitivo-comportamental e medo de morrer.
Em 2021, por exemplo, os dois primeiros distúrbios citados afetaram mais de 60% dos pacientes, no pós-internamento.
Há dois anos, as equipes da Gerência de Pesquisa em Saúde (Gepes) da ESP/CE iniciaram o projeto ResCovid, a fim de criar o registro eletrônico de pacientes hospitalizados com a síndrome respiratória e de estruturar um banco de dados.
A iniciativa possui cerca de seis mil inscritos e apresenta informações relacionadas às características sociodemográficas e clínicas, sintomas iniciais, desfechos (volta para a casa ou óbito) e hábitos de vida dos entrevistados.
De posse dessas informações, a ESP/CE tem oferecido diversos subsídios para a comunidade científica, além de auxiliar a gestão estadual da Saúde. As primeiras análises divulgadas tiveram como foco a evolução clínica de pacientes acometidos pela covid-19 nos hospitais estaduais cearenses.
Agora, uma nova vertente do projeto, batizada de Follow-up, busca detectar vestígios sintomatológicos relacionados a sequelas e complicações da doença no pós-internamento, a partir de entrevistas realizadas via telefone.
“Esse é um estudo que contribui muito com a Ciência, abrangendo pacientes de todo o estado, num momento em que a gente ainda está conhecendo a doença e, consequentemente, as sequelas que ela traz. Nós temos observado que, já com esses dados preliminares, há uma corroboração da importância de se pensar assistência e política de saúde”, explica o gerente da Gepes, Jadson Franco.
Participam da pesquisa pessoas que ficaram internadas em seis unidades de saúde da Rede Sesa: os hospitais Estadual Leonardo da Vinci (Helv), São José (HSJ), Geral de Fortaleza (HGF) e os regionais do Cariri (HRC), Norte (HRN) e do Sertão Central (HRSC). Todos os inscritos tiveram a identidade preservada.