Pacientes de Juazeiro do Norte que utilizam o transporte oferecido pela Prefeitura para tratamento fora do domicílio (TFD) relatam dificuldades no deslocamento até Fortaleza, onde realizam consultas médicas e retiram medicamentos.
Kelly Rodrigues, mãe de Pedro Miguel, uma criança autista de 10 anos diagnosticada com fenilcetonúria, destacou a importância da medicação fornecida na capital: “Sem essa fórmula, meu filho não pode se alimentar e fica muito agressivo”. No entanto, segundo ela, os problemas no transporte têm dificultado o acesso ao tratamento.
Os usuários afirmam que os ônibus frequentemente quebram durante a viagem. “Eles param muito na estrada, acontece acidente, já houve de pegar fogo, e a gente fica sem chegar ao nosso destino”, disse Kelly. Além disso, os passageiros estão sendo deixados em pontos centrais da cidade, em vez de serem levados diretamente aos hospitais onde possuem atendimento agendado. “Antes, o ônibus levava a gente até a porta do hospital e buscava na porta do hospital”, relatou.
Outra preocupação é a segurança durante o trajeto. Em uma das viagens recentes, Kelly enfrentou uma situação de risco quando seu filho apresentou febre dentro do ônibus. “Ele poderia ter tido uma convulsão. O ônibus quebrou de madrugada, e ficamos parados na estrada por mais de uma hora”.
Além dos problemas mecânicos, pacientes relatam dificuldades financeiras para custear deslocamentos extras e, em alguns casos, até mesmo para auxiliar na manutenção dos veículos. “Muitas vezes, tiramos dinheiro do bolso para consertar o pneu do ônibus”.
Problemas recorrentes no transporte já haviam sido noticiados
Em 18 de novembro do ano passado, nós noticiamos uma crise no serviço de TFD, e o prefeito Glêdson Bezerra se pronunciou sobre o caso. Na ocasião, ele realizou uma transmissão ao vivo ao lado do secretário de Saúde, Iago Nunes, para tratar da situação.
Naquele mês, a empresa responsável pelo transporte recusou-se a realizar a viagem, alegando exigências excessivas por parte da gestão municipal quanto à manutenção dos ônibus. O secretário explicou que, “por volta das 17 horas, já estávamos com cerca de 49 pacientes aguardando pelo ônibus, e fomos noticiados pela empresa de que esse ônibus não viria”.
O contrato vigente na época previa um valor de R$ 17 mil mensais, inferior ao montante estimado inicialmente na licitação, que era de R$ 30 mil. Pacientes já haviam relatado problemas como falta de ar-condicionado, banheiros inutilizáveis e falhas mecânicas constantes.
Glêdson Bezerra destacou, na ocasião, os impactos para os usuários: “Quem utiliza os veículos do TFD sabe muito bem do que estamos falando. São pessoas que precisam resolver questões de saúde e acabam enfrentando situações de desconforto e risco, como ter que esperar pelo conserto do ônibus ou sua substituição no meio da estrada.”
Diante do impasse, a prefeitura garantiu que adotaria medidas emergenciais para evitar a descontinuidade do serviço, incluindo a contratação temporária de outra empresa. Além disso, um novo processo licitatório foi iniciado, com previsão de atualização dos valores para garantir maior segurança no transporte dos pacientes.
A Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte foi procurada e informou que está tomando medidas para reestabelecer as rotas do transporte.
NOTA SESAU:
A Secretaria de Saúde de Juazeiro do Norte (Sesau) esclarece que a dispensação do PKU Nutri Concentrated 3 (Fórmula Dietoterápica com restrição do Aminoácido Fenilalanina) ocorre exclusivamente em Fortaleza. Por esse motivo, a Sesau disponibiliza o transporte via Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para que os responsáveis possam se deslocar até o local e realizar a retirada do produto.
Quanto à questão do desembarque em Fortaleza, a Sesau informa que está realizando os trâmites necessários para restabelecer a rota normal nos pontos de destino de cada paciente.
A Secretaria de Saúde se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.
Nossa reportagem segue acompanhando o caso.